(Por Alexandre Arroyo, publicado em 28/03/2016)

Como tudo começou ...



Em 1975 o diretor Steven Spielberg lançou o filme Tubarão, que se tornou um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos. Baseado num romance de Peter Benchley, a produção do filme teve que lidar com desafios técnicos imensos, que iam desde a dificuldade de se filmar em mar aberto, até a performance da estrela principal do filme: Bruce, um tubarão mecânico que mais dava problemas do que funcionava. Na verdade, Bruce não era um único tubarão, eram três: um deles projetado para nadar da direita para a esquerda, outro que nadava da esquerda para a direita e o terceiro que tinha somente a parte dorsal com a inconfundível barbatana triangular, para as tomadas feitas de cima.

O tubarão mecânico, que funcionava a partir de controles hidráulicos, vivia quebrando e a sua pele era feita de um material delicado que perdia a cor em contato com a água salgada, o que obrigava uma equipe a mergulhar constantemente para dar retoques. Tudo isso atrasou as filmagens e estourou o orçamento.

Mas, como diz aquele ditado: há males que vem para o bem. Devido a dificuldade de se trabalhar com o tubarão mecânico, Spielberg acabou investindo no poder da sugestão. Executando essa estratégia de forma brilhante, o diretor criou algumas das melhores sequências do filme sem a presença física do tubarão, utilizando-se apenas de enquadramentos e movimentos de câmera, e é claro, da trilha sonora icônica de John Williams, para sugerir a presença do animal.

Destaco três sequências que comprovam o sucesso dessa estratégia:

1 – A sequência de abertura, na qual a câmera percorre lentamente o fundo do mar como se estivesse se movimentando sob a perspectiva do tubarão. Ao fundo, a música reforça a sensação de ameaça.

2 – A sequência que se refere a primeira morte: logo no início do filme uma jovem sai correndo pela praia e entra no mar. Ainda está escuro e a jovem nada tranquilamente no mar calmo, até que leva um puxão, depois outro mais forte, em seguida é sacudida violentamente, até desaparecer completamente sob a superfície do mar. Nessa sequência aterrorizante, nunca vemos o tubarão, sua presença é sugerida pelos movimentos da vítima e também pela música.

3 – A sequência na qual dois amigos resolvem capturar o tubarão por conta própria, eles estão sobre um pier de madeira e jogam no mar um pedaço de carne preso num anzol e numa corrente. Passado algum tempo, o anzol é puxado e a corrente vai se desenrolando cada vez mais rápido até que uma parte do pier cede e um dos homens cai na água. A partir desse momento é um pedaço de madeira que se desprendeu do pier que passa a indicar a presença do tubarão. Mais uma vez não vemos o peixe, mas quanto mais aquele pedaço de madeira se aproxima do homem que nada desesperadamente para se salvar, mais tensa fica a situação. A música acelera e desacelera de acordo com a velocidade com que o pedaço de madeira se movimenta.

As continuações e mais filmes com tubarões



Tubarão teve 3 continuações oficiais: Tubarão 2 (1978), Tubarão 3-D (1983) e Tubarão 4 – A Vingança (1987), todos eles bastante inferiores ao original. Além disso, o longa de 1975 inspirou um grande número de outros filmes com tubarões, porém com resultados quase sempre decepcionantes. Seguem alguns títulos: Do Fundo do Mar (1999), Tubarões Assassinos (2005), Perigo em Alto Mar (2010), Terror na Água 3D (2011), Sharknado (2013), O Tubarão Fantasma (2013), Sharknado 2: A Segunda Onda (2014), entre outros.

O Tubarão brasileiro



Até o cinema brasileiro faturou em cima do sucesso de Tubarão, lançando na mesma época a comédia Bacalhau, uma paródia do filme de Steven Spielberg.

O filme que melhor soube explorar o medo provocado por esses peixes desde Tubarão



Na minha opinião, dos filmes mais recentes, o que melhor soube explorar o medo que esses peixes provocam nas pessoas foi Mar Aberto (2003). O filme narra a história trágica de Daniel e Susan, um casal que está em férias em um Resort e resolve participar de uma atividade de mergulho com outros hóspedes. Numa terrível combinação de fatores, o casal se atrasa para voltar ao barco, ao mesmo tempo em que o guia se atrapalha com a contagem dos hóspedes e sem perceber que o casal não está a bordo, ordena que o barco volte às docas. Quando Daniel e Susan retornam à tona, eles descobrem que foram abandonados em alto-mar.

Vem aí mais um filme em que o vilão é um grande tubarão branco: Águas Rasas



Águas Rasas (The Shallows) está previsto para estrear em Junho/2016 nos Estados Unidos e em Agosto/2016 no Brasil.

Narra a história de uma jovem que decide surfar em uma praia isolada e se depara com um enorme tubarão branco. Machucada, ela consegue se refugiar em uma pequena rocha a alguns metros da praia, porém é cercada pelo tubarão.

O filme é dirigido por Jaume Collet-Serra, que tem no seu currículo filmes de terror (A Casa de Cera, A Órfã) e filmes de ação (Sem Escalas, Noite Sem Fim).

O trailer é muito bom e cria uma grande expectativa com relação ao filme. Vamos torcer para que esse novo suspense envolvendo um tubarão não decepcione como tantos outros. Assista o trailer (abre em uma nova janela do navegador).

Obs.: Quero esclarecer que estou comentando os filmes como obras de ficção e dentro desse contexto é até permitido mostrar os tubarões como criaturas assassinas. Na vida real, os tubarões são peixes magníficos, que habitam os oceanos há milhões de anos. Eles devem ser protegidos, pois todos os anos milhões deles são mortos de forma cruel e indiscriminada, as vezes apenas para a retirada de suas barbatanas, que são servidas como iguarias em alguns países. Se a matança continuar nesse ritmo, logo eles estarão extintos.