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Críticas 2014



7 Caixas - Esse produto paraguaio não é falsificado
(Por Alexandre Arroyo)

Filme de ação paraguaio que surpreende pela sua proposta ousada e original, pois utiliza os elementos clássicos dos filmes de ação americanos (perseguições, reviravoltas, ritmo intenso, etc) adaptando-os para o cenário do Paraguai atual.

O protagonista é Victor, um carregador do Mercado 4, uma mistura de feira livre e camelódromo que ocupa vários quarteirões no Centro de Assunção. Victor quer comprar um celular com câmera para poder se filmar, assim como os atores do cinema policial americano que ele vê na televisão, e para conseguir o dinheiro ele aceita uma encomenda: carregar as misteriosas sete caixas do título.

O ritmo é alucinante e a história tem tantos desdobramentos e reviravoltas que cheguei a duvidar de que os diretores conseguiriam amarrar tudo no final. Mas eles conseguiram!

Assistir a esse filme é como embarcar numa montanha russa repleta de loopings, é uma surpresa atrás da outra. Para completar, o filme ainda traz uma boa dose de crítica social e ironia.

Na época em que foi exibido no Paraguai, 7 Caixas se tornou o maior sucesso de bilheteria da história do país, levando mais de 250 mil espectadores aos cinemas.

No Brasil costumamos fazer piada sobre os produtos que vem do Paraguai como sendo falsificados. Com relação ao filme 7 Caixas, se os diretores tiveram a intenção de copiar os filmes de ação americanos, posso afirmar que, nesse caso o produto paraguaio superou o produto original.



Pelos Olhos de Maisie - Drama sensível, com boas interpretações
(Por Alexandre Arroyo)

Uma família em crise.

O marido é um executivo que está sempre viajando e vive preocupado com os negócios.

A esposa é vocalista de uma banda e também está sempre viajando, preocupada com a carreira.

A filha, a pequena Maisie, é uma garotinha inteligente e sensível tentando lidar como pode com esses pais ausentes, que embora demonstrem amá-la, são pessoas egoístas e aparentemente incapazes de priorizar a própria filha.

Quando vem a separação, os desentendimentos entre o casal continuam, pois ora eles estão lutando pela guarda da filha, ora estão jogando a menina de um lado para o outro.

Para alívio da pequena Maisie (e também do espectador que vai ficando incomodado com a situação) aparecem dois anjos da guarda para dar o carinho e a atenção que a menina deveria receber dos pais: a babá e o novo marido da mãe. Esses dois personagens acabam conquistando a simpatia do espectador, mas o fato de nos encantarmos pelos "pais substitutos" não implica em sentirmos raiva dos pais verdadeiros, até porque, como já foi mencionado, no fundo eles amam a filha, embora tenham um jeito diferente de demonstrar. Há até uma cena bastante emocionante no final do filme, na qual a mãe consegue finalmente deixar o egoísmo de lado e tomar uma decisão considerando o que é melhor para a filha.

Baseado no romance homônimo de Henry James, de 1897, a história foi adaptada pelos diretores Scott McGehee e David Siegel para os dias atuais. Embora seja levemente apelativo em uma ou outra cena, Pelos Olhos de Maisie é um drama interessante, que consegue estabelecer uma relação de cumplicidade entre o espectador e a pequena Maisie, levando-o a compartilhar de todas as suas angústias e alegrias. É importante ressaltar que a interpretação da atriz-mirim Onata Aprile contribui muito para que isso aconteça, afinal ela se mostra uma garotinha irresistível.



Gloria - A vida como ela é
(Por Alexandre Arroyo)

A maior qualidade do filme Gloria, uma co-produção entre Chile e Espanha, está em trazer personagens verossímeis e próximos da realidade, com os quais o público pode se identificar facilmente. Começando pela protagonista, a Gloria do título, uma jovem senhora que encara a vida de frente, ela parece seguir aquele ditado que diz: "Se a vida lhe oferece um limão, faça uma limonada". Separada, com os filhos já criados e independentes, ela se dedica ao trabalho e nas horas vagas freqüenta bailes onde pode se divertir e eventualmente conhecer algum homem interessante.

Conquistado pela ótima interpretação de Paulina Garcia, que ganhou o Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Berlim por esse trabalho, o espectador embarca na história e vai se envolvendo cada vez mais com tudo o que acontece com a personagem: a relação um tanto distante com os filhos, o relacionamento cheio de idas e vindas com o novo namorado, também separado, que tem dificuldade de assumir uma nova relação e cortar os laços com a família anterior, os aborrecimentos com o vizinho problemático. Situações às vezes engraçadas, às vezes sérias, que o filme trata com leveza e coerência, sem apelar para soluções artificiais ou grandes reviravoltas, é a vida como ela é.

Gloria é um filme agradável e inspirador, que faz o espectador sair da sessão de alto-astral, pois deixa a seguinte mensagem: se Gloria pode encarar os percalços da vida com tanta perseverança, nós (o público do filme) também podemos.



Malévola - Disney cria fada bipolar
(Por Alexandre Arroyo)

Logo no início do filme Malévola uma voz em off avisa ao espectador que ele vai conhecer um outro lado da história da Bela Adormecida. Após o término da sessão, a sensação que eu tive foi a de que eu preferia não ter conhecido esse outro lado da história.

Produzida pela Disney (Pictures), mesmo estúdio que em 1959 lançou a animação A Bela Adormecida (Sleeping Beauty) baseada no conto de fadas homônimo do autor Charles Perrault, essa releitura da história deve ter feito o Disney (Walt) se revirar no túmulo. A banalização da história foi tamanha, que o resultado final lembra muito mais um blockbuster caça-níqueis do que a clássica animação de 1959.

O longa tem vários problemas, mas vamos começar pelo mais grave de todos: Malévola é um conto de fadas QUE NÃO ENCANTA.

Só por esse motivo eu já poderia encerrar essa análise por aqui, pois um conto de fadas que não encanta é como um filme de terror que não assusta ou como uma comédia que não tem graça. Entretanto, como tive que suportar 1 hora e 37 minutos de projeção (que pareceram intermináveis), faço questão de mencionar também outros problemas do filme.

1. O roteiro, além de banal, contém alguns diálogos simplesmente horríveis, que chegam até a doer os ouvidos.

2. Os personagens são superficiais e mal construídos, conforme descrevo a seguir:

Malévola: é interpretada no piloto automático pela bela Angelina Jolie, que pouco acrescentou à personagem, além da mencionada beleza. Malévola é apresentada como uma fada cujo imenso poder só se equipara a sua imensa ingenuidade e que após ser traída pelo homem por quem arrastava (literalmente) as asinhas, passa todo o restante do filme se comportando como uma fada bipolar, oscilando entre o amor e o ressentimento. Sem saber como construir adequadamente uma personagem que é ao mesmo tempo heroína e vilã da história, a roteirista, o diretor e a atriz acabaram criando uma personagem dúbia e incoerente, que ora é boazinha, ora é malvada. E para piorar as coisas, Malévola torna-se chata quando é boazinha e patética quando é malvada.

Aurora: mesmo que tenha perdido o posto de protagonista da história para Malévola, a princesa Aurora não precisava ser tão unidimensional. A personagem é tão insossa que não sentimos a menor piedade quando ela espeta o seu belo dedinho na roca e cai em sono profundo.

O príncipe: consegue ser ainda mais insosso que a princesa Aurora. O personagem aparece quase no final da história e é tão inexpressivo que mais parece um figurante.

O rei: ambicioso e ressentido, suas motivações e sentimentos nunca ficam claros, já que o personagem, assim como os demais, também é desenvolvido de forma superficial.

As três fadas madrinhas (Flora, Fauna e Primavera): nesse filme elas deveriam se chamar Chata, Chatinha e Chatonilda, pois mais parecem uma versão feminina sem graça de "Os Três Patetas". Desperdiçando inclusive o talento da ótima atriz Imelda Staunton, que interpreta a líder do trio.

3. Por fim, resta o visual do filme, que poderia ser a sua salvação, mas acaba se perdendo no excesso de efeitos digitais.

Enfim, tantos aspectos negativos contribuíram para transformar Malévola em mais um desses blockbusters dispensáveis, que são esquecidos assim que saímos da sala de cinema. E talvez o resultado fosse um pouco diferente se os realizadores tivessem focado menos nas bilheterias e mais no conto de fadas que inspirou o projeto.





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